7 de mar. de 2011

Crônicas de Carnaval


















"Sabe, nunca tive a oportunidade de pular e curtir uma carnaval com todas as letras e confetes. Não porque não gostasse, talvez apenas por falta de convite e companhias. É, sempre fui solitário acompanhado - conhecidos tinha aos montes, mas sempre acabava sobrando devido a um ego gigante dentro de mim. Mesmo para um guri de 15 anos. Adorava como as pessoas se encantavam e se entregavam a alegria de celebrar a vida. Vale esquecer que a maioria ganha um ou pouco mais de um salário mínimo por mês, que se passarem da conta com a bebida nem hospital direito pra atendê-los encontrariam. Que o amanhã nesses dias de carnaval geralmente não interessa muito. Nesses momentos você descobre que é capaz de fazer todo mundo mesmo feliz, até aquelas que na hora da empolgação vestiam fantasias de princesas, mas que no outro dia pareciam com bruxas sequestradoras de princesinha ( cadê a menina que eu beijei?).
Não importa o quão machão você acha que é, tem gente que se veste com vestidos tubinhos e saltos altos com uma naturalidade invejável, outras colocam bigodes sebosos abaixo do nariz e apertam alguma coisa, que naturalmente não têm, entre as pernas. Tudo é festa!
É dia de folia, é um momento esperado o ano todo por muitos, mas pra mim... era só mais um feriado prolongado. Curtia muito aquelas escolas com baterias escandalosas e furiosas, alegorias luxuosas e o amor que as pessoas demonstravam pelas agremiações. Aos poucos fui crescendo e descobrindo minha vocação. Comecei como um simples folião da escola de Niterói que participava dos ensaios, encontrara amores lá, deixara boa parte da minha juventude entre aqueles títulos. Me encantava cada vez mais por aquilo tudo. Até um carnaval passei a ensaiar com os mestres-salas e percebi um apreço especial pelo bailado fascinante que contagiou me. E neste mesmo ano o jovem mestre-sala da escola se machucara na ultima hora antes do desfile e não pensavam em mais ninguém para ocupar o lugar daquela perda importante. Eis que o presidente e coreógrafo do pavilhão fez me um convite do qual jamais me esqueceria. Chamara-me para ser o novo mestre-sala. Incrível como andar se torna chato quando se aprende a voar dançando e bailando. Protegendo minhas paixões maiores. Minha escola e minha futura esposa. É, minha esposa, acabara de descobri-la como um pirata que descobre um tesouro intocado, porém ela não sabia ainda. Depois de notas máximas no quesito evolução, vários estandartes em mais 2 anos de desfiles, meu quesito mais importante a ser julgado era sanidade. Sim... não sei se a falta desta foi de minha parte ou da parte de minha amada, que aceitara casar-se comigo com apenas 1 mês de conhecimento propriamente dito e sem direito a referências anexadas.
Hoje Sou presidente de minha escola do coração, um homem bem-sucedido, apaixonado por minha amada e eterna namorada, e incondicionalmente fascinado pela magia do carnaval."

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