3 de set. de 2011

Piegas ou não, acredite em quem você é!



"Dia desses a rotina assolava meus dias. Não tinha nada que me fizesse ver a vida como um monte de obrigações chatas de gente grande. Volta e meia, perguntava pra minha velha (mãe, é assim que carinhosamente falando eu chamo minha mãe volta e meia,rsr):
-Mãe, deixa eu voltar aí pra dentro?(apontando pra sua barriga)
Ela ri da minha cara sempre quando falo isso. Bom mas realmente a vida quando se é criança parece ser bem mais interessante. Engraçado é que o ser humano é um bicho que mal sabe o que quer mesmo. Quando eu era guri desejava porque desejava que o tempo passasse logo pra "eu ser grande." Coitado de mim, mal sabia que furada isso se tornaria. Brincando. Ser um jovem adulto tem sim suas grandes vantagens, afinal estamos em constante evolução.
Foram dias de muito trabalho, problemas diversos e muita mas muita correria onde empresto um pouco de minhas funções de empregado. Eis que descobri uma nova oportunidade de emprego numa cidadezinha distante de onde resido. Fiquei tentado e não descansei enquanto não dei uma passada lá pra conferir do que se tratava.
Era uma agência publicitária bem simpática por sinal - sonho de todo universitário em meio de curso, conseguir trabalho no que se deseja trabalhar. Foram quase 2 horas de viagem num busão. Sempre soube que tinha um espírito aventureiro aqui dentro meio que escondido, mas sabia que ele estava lá. Coloquei uma camisa legal, uma bolsa lateral nos ombros - com tudo o que um garoto pode precisar pra passar algumas poucas horas fora da casinha. Segui meu caminho. A sensação de liberdade era quase inexplicável. Parece bobeira, mas foram as poucas vezes desde que completei a maior idade em que saí da cidade por conta própria e solamente.
Meu fiel fone de ouvido sempre a postos, me assentei perto da janela. Cochilei, acordei rapidamente com medo de perder a parada desejada. Incrível também como meu estado é tão bonito e diversificado. Tanta coisa diferente...
Chegando ao destino... caramba e agora?
Nada, rapidinho pedi informação ao pessoal de lá. A cidade é pequeninha, mas bem agitada. Logo me encontrei. Ao chegar à agência, a voz meio engasgada, mas não tinha dúvida de que era o que eu realmente queria fazer. Sabe, fazia tempo que não sentia essa convicção tão forte bater no peito. Conversei com o pessoal - muito simpáticos também - deixei meu material e por azar não consegui falar diretamente com o responsável pela firma. Mas prontamente ficaram de mandar respostas. Super empolgado voltei satisfeito da minha missão. Ainda por coincidência encontro uma amiga da faculdade que morava por aquelas bandas. Acho que mal deixei que ela falasse alguma coisa de tão contente que estava. Ela linda como sempre deve ter percebido isso e gentilmente me acompanhou até o ponto de volta. É, infelizmente não pude ficar muito tempo. Outro busão e lá estava eu na estrada.
Nessa volta, percebi o quanto a vida pode dar voltas e quando menos esperamos algumas coisas mudam sem avisar. Me vi como um profissional, que tem bagagem pra expor seus trabalho, desenvoltura - tenho que trabalhar mais isso confesso,rsrrs!! - pra conversar sobre o que se quer profissionalmente. Liberdade de ação, de sentimento. Voltava com certeza diferente de como quando fui.
Sempre tive uma auto-estima bem baixinha - tadinha... Nunca soube direito o que queira fazer, onde estudar, o que comer, o que comprar. Pensava que era a maturidade que não tinha. Mas com o tempo via que era mais que simplesmente isso. Um problema? Não. Pessimismo, talvez. Na escola, poucos amigos, discrição sempre, tímido quando dava. Inteligente pra compensar eu sou. Na verdade a fonte de inteligência é informação. Daí é que se passa a compor inteligência para agir. Discernir é a palavra. Sempre fui independente também. Quis trabalhar logo pra ganhar meu próprio dinheiro. Minhas coisas, meu primeiro salário mesmo então foi uma verdadeira festa - comprei uma bike na época. Desde então soube que se pudesse não ficaria sem trabalhar. Hoje esse pontos negativos passaram um pouco, a idade ajuda sim. Só continuo com poucos amigos, mas nada que complique tanto quanto na época de adolescente.
Por isso, duvidava sim de quando alguém me dizia que satisfação profissional em algumas áreas é melhor do que bons salários. Pois boa remunerações podem ser adquiridas com o tempo, mas a satisfação de se fazer o que se ama, um bom salário não compra. Pode até demorar um pouco, muitas dúvidas surgirão, mas quando descobrimos um pouco mais de quem somos e como algumas decisões podem nos mudar, acreditaremos realmente em nós."

"Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo. Quem acredita sempre alcança..."
Mais uma vez - Renato Russo

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