22 de abr. de 2011

Príncipe Urbano Desencantado





"Um dia desses, voltando do trabalho encarei como sempre o busão amarelinho que tem aqui na minha cidade. Geralmente ele não vem lotado, só que especialmente nesse dia ele estava. Bom, meu dia avaliando em um todo foi bom, sem maiores problemas. Queria apenas chegar em casa, descansar um pouco e depois ir para a faculdade.
Voltando ao busão, embarquei e consegui um lugarzinho bem no canto do coletivo, ao lado de uma jovem senhora. Senhora essa que sem me dar conta saltou pois chegara sua parada e em substituição sentara um garota. Sério, não sou daqueles caras que puxa papo em pleno busão, ainda mais lotado. Mas a garota tinha um charme inconfundível, pele clara, olhos verdes e cabelos castanhos. Apesar dela usar uma calça surrada, all star vermelho e camiseta simples escrita "rock", não me importei. Era linda assim mesmo. Meus olhos brilharam. Parecia um adolescente - apesar dos meus quase 20 anos, digamos que já passei dessa fase.
Fiquei sem graça de puxar papo, além disso meu estoque de assunto estava em baixa. Mas como brasileiro que sou, puxei um papel qualquer da mochila em que estava escrito um endereço e como quem não quer nada perguntei a moça se ela sabia onde ficava.
Prontamente ela me respondeu. Agradeci com um sorriso largo. E continuei a puxar papo. Poucos minutos depois, já estávamos conversando legal. A parada dela chegou. E como simpática que demonstrara ser se despediu com um "até logo". Que espontaneidade!
No outro dia, não a vi no mesmo ônibus que fiz questão de esperar passar. Com isso, ao chegar em casa, consegui achá-la em uma das minhas redes sociais. Fiz mais um contato e logo conversamos novamente. Seu nome era Carla.
Papo vai, papo vem, marcamos de sair uma hora dessas pra comer alguma coisa. Tomei um banho esperto, passei um perfume legal e vesti uma roupa básica, sem maiores aparatos.
Eram 17:55, marcamos de nos encontrar pela 18:15, na frente de um shopping legal daqui da cidade. Aproveitei para olhar uma loja que estava a fim e de longe avistei-a.
Aquela tarde parecia estar tudo perfeito. Nos cumprimentamos, e disse que ali perto, no segundo piso tinha uma lanchonete nova de comida árabe que nunca tinha ido. Mentira, em partes, a lanchonete era de uma amiga, e já tinha uma filial na perto da praia. Nova mesmo era só aquela do shopping. O cardápio era manjado já.
Fiz questão de puxar a cadeira. Ela agradeceu. Mas terminou de puxar sozinha. Fiz meu pedido. Ela também.Conversamos mais um pouco, rimos também. A comida chegou. Comemos. E depois disso acompanhei-a até seu prédio.
No caminho, eis a surpresa. Ela disse que adorava barba. Eu por sinal nem tinha uma ainda. Falou que gostava do aspecto visual. Completou ainda que adoraria ter nascido homem. Minha cara congelou naquela hora. Chegamos finalmente no seu prédio. Eu sem ação.
Pra terminar, descobri que gostava e jogava muito futebol e que colocava os amigos da turma dela no chinelo. E o que antes ela se despedia com um simples "até mais" deu lugar um soquinho no ombro dizendo: "Você é brother mesmo cara, vamos marcar uma bolinha qualquer dia desses?"
Resumindo... descobri que ela era lésbica, mais conhecida como Carlão."

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