10 de out. de 2011

Diário de Rodrigo: Capítulo VII - Renascer pt01


Capítulo VII - Renascer pt01

"Minha vida ultimamente estava tão sem graça. As coisas não se encaixavam mais como antes. Não tinha vontade de sair direito, fazer coisas diferentes. O trabalho não fluía bem, a faculdade parecia um ciclo interminável de voltas e voltas. E eu como sempre me fazendo a melhor das companhias. Solidão... e tédio também. Parece que a vida alheia sempre foi - e quem sabe será - mais interessante do que a minha. Com a simples diferença de não estar na primeira pessoa da história. Mas ainda sim tentava conviver bem comigo mesmo, pois se não o fizesse, imagina o quanto isso seria insuportável.
Hoje é sexta-feira. A aula acabara mais cedo. Semana de provas. Alguns naquela tensão por notas boas. Particularmente só via essas semanas como semanas em que você faz mais algumas atividades e pode sair mais cedo. Isso por sempre ser interessado e safo também nos estudos. Daí a falta de preocupação.
Meu apartamento fica no centro da cidade e como não dirijo - ainda - costumo voltar pra casa de ônibus ou caminhando mesmo - nem é muito longe também. Caminhando pela avenida dava pra perceber a lua nova me fazendo sala. A noite estava linda e distraído que só né, nem vi um amigo que passara por mim - em seu carro turbinado -e me levantou a mão mexendo comigo.
Sorrindo sozinho, dava pra ouvir o som dos barzinhos cheios a essas alturas com a galera que queria afogar as mágoas ou esquecer das provas de final de semestre. Eram sorrisos pra cá, altos papos pra lá...mesas lotadas...
A brisa tocava minha pele. Me arrepiei todo com ela. Levei a mão a cabeça. Estava queimando de febre, e o mais esquisito é que meu corpo estava bem - não 100% pelo fato de ter malhado pela tarde mas dava pra aguentar o tranco. Mais cedo é que estive pior um pouco. Mas estava errado. De repente minha vista falhou. Tudo escureceu. Minhas pernas não obedeciam os comandos que mandava a elas. Desabei. E única coisa que vi antes de tocar forte o chão foi um farol muito claro vindo em minha direção na calçada. Desde então não lembro de mais nada.
Ainda desorientado,acordei e notei que estava na minha cama. Meus lençóis não me enganavam. Comecei a me olhar. Examinando todo lentamente. Aos poucos descobri uma marca de injeção e um curativo no braço direito. Os joelhos estavam ralados, pois ainda latejavam pra caramba. O peito também estava dolorido da queda. Confesso que já estive em condições melhores.
O silêncio foi interrompido por uma voz grave mas muito familiar vindo do final do corredor de casa.
- Acordou é?"

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