4 de mai. de 2010

>> O Diário de Rodrigo


Capítulo IV - Homens são homens

Desde moleque, eu sempre gostei de me imaginar mais velho, mais responsável e vivendo com minhas próprias pernas. Sempre observava mesmo as pessoas em geral, coisa de criança que ficava prestando atenção nos adultos e como eles se comportavam. As mulheres nem tanto - tirando que sempre as achei lindas, charmosas e tal - talvez pelo fato de não ser semelhante diretamente a elas. Enxergava os outros homens como exemplos vivos, dos quais sempre tinham algo a fazer que poderia me ensinar a tornar-me um em algum dia.
Desde como gostar de futebol e qual era a graça de ver um monte de caras suados correndo atrás de uma bola, ou quem sabe notar ou quase quebrar o pescoço vendo como a nova vizinha era formosa. Preferir sempre o azul ao invés das outras cores. Enfim, alguns exemplos não eram nenhum um pouco inteligentes, como fumar, beber, resolver as coisas no braço, manter uma boca bem suja durante o trânsito. Nada de que muito me orgulharia em realizar. Sem mencionar em ser totalmente grosso ou rude, tratar mal as esposas ou traí-las, tudo bem admito, esses últimos são bem ultrapassados em alguns pontos.Sabe, pensava que tinha uma fórmula de como ser um homem em alguns anos. Ou alguma dica, quem sabe, do que fazer ou não fazer quando se é um Homem.
O tempo passou e com ele passou também esse ingênuo pensamento. Percebi que homens também se machucam, também choram - as vezes - têm boas e más intenções. Podem ser grosseiros quando querem, ou conquistadores - variando desde aqueles baratos até os mais caras de pau. E o pior de tudo são as meninas que caem no papo, dá para acreditar? Também descobri que infelizmente não existe nenhuma fórmula para ser homem.
Ao meu redor tiveram presenças masculinas, que me inspirassem ou me dessem alguma instrução. Possuí um pai, que mesmo com todos os defeitos, me ensinara muito sobre a vida, alguns tios que me ajudaram como podiam e alguns amigos, daqueles melhores mesmo, dos quais a gente sempre contava alguma coisa nova ou alguma dúvida. Coisas de menino.
Porém, a sociedade muda, o mundo muda e as pessoas também. Atualmente, quantos são os homens que são alcoólatras, que batem nas esposas, que descriminam as pessoas ou que maltratam seus filhos? E quantos são os que ajudam crianças desabrigadas coordenando abrigos ou casas de apoio, que amam seus familiares, ou que buscam sempre o melhor para os mesmos?
Ser homem, é mais que usar um par de calças, ou por baixo delas dizer que tem cuecas, que não se importam com a aparência - quando sempre que podem dão umas olhadas para a primeira coisa que reluz ou reflete e que não é ouro. É mais do que provar para os outros que é macho, bancar o pegador por aí e contar vantagem para os amigos falando quantas agarrou naquela noite.
Posso ainda ser muito novo, talvez não saiba mesmo muito da vida, das voltas que o mundo dá, mas sinceramente, não sou assim. Não me vejo assim. Sei que a mim, agora, não se aplica. Certas coisas ou experiências ainda não chegaram pra mim. Sei lá, como se fosse uma mistura de sensações e expectativas que me fizessem pensar que não estou preparado ainda. Ando muito por aí, me canso de ver casais trocando informações gustativas ou melhor me expressando, trocando fluidos bucais... rsrs.. no melhor entendimento, se beijando mesmo.
Lógico que deve ser ótimo andar de mãos dadas pela rua, ter alguém que se preocupa contigo ou que sente sua falta quando você não liga durante à noite. Deve ser legal. Mas em contra partida, olha só a minha mente como já pensa diferente, eu vejo como é bom ter alguém pra confiar seus segredos, uma namorada que seja carinhosa contigo e que junto a você faça um dia nublado ficar mais bonito que um ensolarado. Vai parecer meio brega, mas tem uma parte de uma música, e que gosto pra caramba, é do Vitor e Léo e fala: " sei que estou amando mais ainda não sei quem..."
Talvez um simples apaixonado, que gosta de ouvir no mp4 the only exception do Paramore e ficar curtindo uma bela vista pensando se alguém realmente se importa com ele. Que odeia rótulos, que pula fora quando o assunto não tem nada a ver com ele ou que fala de si mesmo na terceira pessoa.
Enfim, sinto que ser homem está além de tudo isso, quem sabe além até do que eu não sei. Acima de aparências, comportamentos ou julgamentos. A cada novo dia tento ser apenas alguém que não sabe definir ainda quem é, mas que consegue entender e diferenciar que ele não é.

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