Namoro positivo
Casais em que só um é portador do HIV podem ter um relacionamento completamente normal
Casais em que só um é portador do HIV podem ter um relacionamento completamente normal
Quando Marina*, 23, conheceu seu namorado ele logo demonstrou interesse por ela. Os dois ficaram saindo por um tempo ainda só como amigos até que ficaram. Ela tinha descoberto, recentemente, que era HIV positiva e passou por um dilema enorme do “contar-não-contar”.“Eu queria contar e perdia a coragem, tinha medo que ele sumisse, ficasse com medo, mas o que aconteceu foi o oposto, isso só fortaleceu nosso relacionamento”, conta. “Claro que ele tomou um choque na hora, mas ficou tudo bem e estamos juntos e felizes”. Casais como Marina e o namorado existem em todas as partes do mundo e não são diferentes de nenhum outro por aí: se gostam, brigam, se beijam e fazem sexo, do mesmo jeito que os outros. E, embora numa primeira análise se possa imaginar que quem namora um HIV positivo corre mais riscos que outras pessoas, a equação não é tão óbvia assim.
“A camisinha é eficaz, sim, para prevenir que a contaminação da outra pessoa, então, se usada corretamente e também no sexo oral, os riscos não aumentam em relacionamentos sorodivergetes (em que uma pessoa é portadora do vírus e outra, não)”, explica o médico Murilo Moreira, presidente do CEN/Aids, Conselho Empresarial Nacional para Prevenção do HIV/Aids.
Todas as outras atividades, como beijo na boca e as preliminares, podem acontecer sem que haja nenhum drama adicional. O médico esclarece que para que se tenha uma situação de risco mesmo é preciso que a camisinha estoure, ou que as pessoas estejam com machucados em áreas de contato e, mesmo assim, não é só por que uma delas tem o HIV que a outra automaticamente se contamina.
No caso de imprevistos, o que se recomenda é que a pessoa procure um serviço de saúde para iniciar um procedimento de barreira para a instalação do vírus, como o início da tomada de medicação antirretroviral. É um método utilizado em hospitais para minimizar os riscos de contaminação quando médicos e profissionais de saúde são expostos ao HIV e que pode durar alguns meses, para atuar na chamada “janela”, isto é, período entre a infecção e a real instalação do vírus no organismo.
Sem informação
O que os soropositivos percebem quando precisam contar sobre o fato a alguém é que ainda há pouca informação sobre o HIV e a doença. Pedro*, 33, soropositivo há 7 anos, antes de abrir totalmente o jogo, sondou o namorado de 22 anos para ver o que ele sabia do assunto. “Vi que ele não sabia muito sobre a possibilidade do relacionamento ser seguro e ele demorou uns dois dias para assimila a informação. Hoje já é tudo tranqüilo”.
Além da pouca informação, um ponto ainda atrapalha muito as conversas e discussões sobre o assunto na sociedade é o preconceito. “A gente não comenta com os outros mais porque todo mundo faz a associação de que se eu sou soropositivo e ele é meu namorado, ele também é”, diz Pedro.
“As pessoas ainda relacionam o vírus a pessoas com aparência debilitada, de comportamento promíscuo, o que não é meu caso. Sou uma garota normal, como qualquer outra, vaidosa, estudo, saio, nunca usei drogas nem nada”, fala Marina, que explica que o grande drama é a confusão que as pessoas fazem entre o soropositivo e o doente com AIDS.
Ela faz exames de três em três meses para monitorar a evolução de carga viral em seu organismo. “Se a pessoa estiver saudável, mesmo contaminada, ela não precisa fazer nada. Os portadores de HIV podem, inclusive, ficar doentes, assim como os não portadores, por exemplo, posso pegar um resfriado e isso não é motivo de pânico, porque não tenho a doença AIDS, só o vírus do HIV”.
Hoje, com os grandes avanços da medicina nessa área, uma pessoa pode ter o HIV durante a vida toda e nunca desenvolver a AIDS, o que dá aos soropositivos a oportunidade de namorar de forma segura e saudável com qualquer outra pessoa, seja ela soropositiva também ou não. Mulheres portadoras do vírus podem até ter filhos saudáveis, se engravidarem sob os cuidados de um médico. No geral, a única coisa que muda é que os casais sorodivergentes sabem exatamente a função e a importância da camisinha na hora do sexo.
[fonte: www.ig.com.br/jovem]